Há mais de 2 mil anos, a China deu início a um movimento de integração regional que culminaria em um amplo sistema econômico, cultural e histórico envolvendo a Ásia, a Europa e a África: a Rota da Seda, uma das mais significativas vias de comércio do “Velho Mundo”. Na rica e instigante jornada trazida por este livro, somos apresentados a acontecimentos, personagens, culturas e paisagens entre a China e a Ásia Central, compreendendo a Rota da Seda como um fenômeno para além de um conjunto de vias comerciais que ligavam Oriente e partes do Ocidente entre os séculos II a.C. e XVI d.C.: um universo de trocas culturais e formações civilizacionais; um espaço de mobilidade, em que viajantes e caravaneiros se aventuraram para comercializar produtos exóticos e, como consequência, aproximaram diferentes sociedades de partes distantes do mundo. Nessa viagem pelo passado de trocas culturais e nascimento de civilizações, percebemos como a história da China está próxima da nossa realidade, e como a aventura pela Rota da Seda pode auxiliar no entendimento do presente, quando esse país volta a ocupar os holofotes da História.
Otávio Luiz Pinto
Otávio Luiz Pinto é professor de História da África no Departamento de História da Universidade Federal do Paraná e no Programa de Pós-Graduação em História da mesma instituição. É doutor em História pela University of Leeds e especialista nos movimentos e nas trocas materiais e simbólicas entre sociedades africanas e asiáticas na pré-Modernidade, especialmente entre os séculos VI e XVI. Este é seu primeiro livro pela Editora Contexto.
Não houve livro em que fez eu pensar sobre uma região hoje em dia tão desvalorizada, que me ensinou uma lição tão distante de tudo aquilo que eu aprendi nas aulas de história como Rota da Seda, por Otávio Luiz Pinto. Desde sua gênese, com sua explicação breve sobre o início do Império Chinês e como sua relação com as confederações nômades levou a formação de uma rota ainda durante a dinastia Han, mais de 2100 anos atrás, até detalhes fantásticos obscurecidos pela história, como as viagens de Zhang Qian e fatores como o simbolismo da seda para a aristocracia. A obra, em suma, foi uma jornada num tópico pouco discutido, que fez eu, como indivíduo, refletir sobre quais outros detalhes extraordinários existem na história, ocultos como fios de seda em um casulo de bicho-da-seda. Afinal, muitos de nós, por exemplo, ouvimos falar das viagens de Marco Polo, mas quantos de nós ouvimos sobre o diplomata chinês Zhang Qian, que mais de um milênio antes deste, fez uma viagem do território do Império Han, na atual China, até o conhecidíssimo Império Romano? Para parafrasear o autor, A rota da seda não foi uma ponte entre o Ocidente e o Oriente, e sim o coração (pág. 121). Em sua existência de centenas de anos, a Rota da Seda se tornou muito mais que um caminho físico. Por muito tempo, a Rota foi sinônimo de uma troca de culturas, ideias e religiões que levou ao surgimento de grandes cidades e nações multiculturais sobretudo nas regiões na qual a Rota escoava, como por exemplo, as cidades-oásis na Ásia Central ou o Império Cuchana, uma nação que mesmo eu, interessadíssimo em história, ouvi falar pela primeira vez nesse escrito. Em conclusão, o livro abriu meus olhos sobre uma região pouco valorizada pelos livros de história, e despertou meu interesse na cultura asiática. Em seu modo singular e lúdico, o autor alcançou seu objetivo de educar sobre uma região muitas vezes negligenciada. Para citar o autor, “Vemos um lugar desimportante, quando na verdade, ele foi um dos grandes centros do mundo”.
Mônica
quinta-feira, 18 de julho de 2024
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