Durante décadas psicanalistas reproduziram uma postura preconceituosa face à educação. A concepção de que o projeto civilizador se sustenta sobre a repressão e sobre o imperativo para que o sujeito sublime suas pulsões, implicava que toda educação seria repressora e contrária à ética da psicanálise. No entanto, a “hipótese repressiva”, como a nomeou Foucault, deu lugar à compreensão de que o desejo e a sexualidade não são “naturais”, mas o produto de configurações históricas e transformações criativas frente ao instituído. Sándor Ferenczi e Donald Winnicott conceberam que uma educação psicanaliticamente orientada seria capaz de fornecer ao sujeito e à comunidade ferramentas para a emancipação da moralidade vigente. O livro que Alexandre Patricio de Almeida nos apresenta é fruto de extensa pesquisa acadêmica e de ampla experiência em instituições educacionais. Suas reflexões nos indicam a evidência de que pensar o sujeito dissociado do campo educativo seria regredir à uma psicanálise naturalista, ingênua e, portanto, estéril; assim como pensar a tarefa educacional desconsiderando a pulsão e o desejo implicaria tolher a capacidade criadora das nossas crianças e adolescentes. Daniel Kupermann - Psicanalista e professor livre docente do Instituto de Psicologia da USP
Alexandre Patricio de Almeida
Psicanalista. Mestre e doutorando pelo Programa de Estudos Pós-Graduados em Psicologia Clínica da PUC-SP. Professor universitário em cursos de graduação e pós-graduação. Membro do Laboratório Interinstitucional de Estudos da Intersubjetividade e da Psicanálise Contemporânea (LipSic) (PUC-SP e USP). Autor de artigos científicos e dos livros Psicanálise e educação escolar: contribuições de Melanie Klein (Zagodoni, 2018) e Intervenção psicanalítica na escola (Zagodoni, 2020). Organizador do livro A pesquisa em psicanálise na universidade: um enfoque no método por meio de exemplos (EDUC, 2020). Pesquisador CNPq. Proprietário da conta @alexandrepatricio no Instagram, em que compartilha diversos conteúdos sobre psicanálise, cultura e sociedade.
claudia
terça-feira, 1 de outubro de 2024
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