De 2015 a 2020 o mundo refinou uma média de 1760 Mt/ano de aço em aciarias, com um consumo médio de produtos acabados de aço de 200 a 227 kg/ano per capita. Desde a invenção dos conversores, por Bessemer, em 1856 e do desenvolvimento do forno Siemens-Martin em 1864 o refino dos aços vem sofrendo uma notável evolução. Esses processos viabilizaram a produção em alta escala de aços para aplicações comerciais, e o final do século XIX viu a explosão de aplicações do aço em estruturas de pontes, arranha céus, material bélico e embalagens. A “metalurgia física” floresceu no começo do século XIX e, com o melhor entendimento das relações entre propriedades, composição química e processamento, demandas ainda mais rigorosas foram impostas aos processos de refino. Para atender a essas demandas, o empirismo foi sendo eliminado das operações de refino, sendo substituído pelo entendimento da termodinâmica das reações envolvidas e pelo estudo e modelamento dos processos cinéticos que controlam a velocidade do refino. Hoje, mesmo na elaboração de aços simples, pelo menos seis elementos químicos são regularmente controlados no aço, alguns inclusive no nível de partes por milhão (ppm, isso é 1g/t!). Neste livro, o autor revê os conceitos de termodinâmica aplicados ao refino de aço com um variado conjunto de exemplos, incluindo o uso da termodinâmica computacional. Da mesma forma, os fundamentos de cinética, com ênfase na cinética do transporte de massa, que tem papel central na taxa com a qual o refino se passa, são revistos e aplicados na análise dos processos. Assim, os processos de refino primário (Forno Elétrico a Arco e Conversor a Oxigênio, principalmente) e secundário (metalurgia de panela, desgaseificação, processos de produção de aços inoxidáveis, em especial) são apresentados e discutidos à luz dos fundamentos termodinâmicos e cinéticos, indicando as possíveis melhorias esperadas na produção de aço no futuro próximo. Embora os processos de aciaria atuais sejam capazes de produzir massas de aço líquidas com homogeneidade impressionante, desde 1870, pelo menos, a influência da solidificação sobre a homogeneidade e as características dos produtos de aço é conhecida. Por este motivo, os processos de lingotamento e os processos de refusão fazem parte da área de refino das usinas siderúrgicas e são aqui também discutidos. O balanço entre fundamentos e aplicações e a discussão de suas relações segue, aproximadamente, o enfoque utilizado pelo autor no ensino do tema nas últimas décadas. Assim, espera-se que o texto seja útil tanto para aqueles que estudam o refino do aço como para os que já atuam na área, seja na produção ou na pesquisa e desenvolvimento.
André Luiz V. da Costa e Silva
Engenheiro metalúrgico formado pelo Instituto Militar de Engenharia, Rio de Janeiro, em 1976. Concluiu seu mestrado pela University of British Columbia, Vancouver, em 1979, e o doutorado pela University of Florida, Gainesville, em 1994.
Iniciou sua carreira de engenheiro na então Eletrometal Aços Finos S.A., na área de Refusão, tendo passado, posteriormente, para a área de Fusão (Aciaria). Foi gerente de Engenharia de Materiais na CBV Indústria Mecânica S.A., participando de projetos pioneiros na área de Equipamentos de Petróleo para Águas Profundas. É professor titular (colaborador) na Escola de Engenharia Industrial Metalúrgica de Volta Redonda, da Universidade Federal Fluminense, na qual ingressou em 1983. É também é diretor técnico do Instituto Brasileiro da Qualidade Nuclear, no qual foi certificado como Inspetor Nível III e Perito Nível III na área de Materiais.
Seus interesses envolvem as relações processamento-propriedades em materiais, a aplicação da termodinâmica computacional ao processamento e desenvolvimento de materiais e seu processamento, em especial de aços e superligas. Atua como consultor de empresas brasileiras em diversas áreas relacionadas a aços e ligas especiais, especialmente análise de falhas, especificação de materiais e desenvolvimento de materiais e processos.
Foi o Chairman do Alloy Phase Diagram International Commission (APDIC), entre 2008 e 2013. Foi agraciado, pelo IOM3, na Inglaterra, em 2014 com o Hume-Rothery Prize, In recognition of distinguished achievements concerned with phase relationships..in materials e pela ABM, em 2017, com a Medalha ABM Hubertus Colpaert em reconhecimento a atuação nas áreas de metalografia e metalurgia física.
Tem mais de 60 publicações em revistas indexadas, e mais de 150 publicações e apresentações em congressos. É co-autor do livro “Aços e Ligas Especiais” e realizou a revisão e atualização, para a 4a edição do livro “Metalografia dos Produtos Siderúrgicos Comuns”, do Prof. Colpaert, publicado também pela ASM como “Metallography of Steels- Interpretation of Structure and the Effects of Processing”.
Kalipse
terça-feira, 6 de agosto de 2024
Um livro excelente, tanto para a área de metalurgia ou mecânica.
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