Publicado em 11/5/2025

Analfabetismo

A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Segundo pesquisa, 29% da população não compreende os textos que lê.

A questão do analfabetismo funcional no Brasil

Artigo por: Luiza Lunardi da Editora Contexto

Em maio deste ano, a edição 2024 da pesquisa Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), com o tema Legado e Futuro do Alfabetismo Funcional, revelou que cerca de 40 milhões de jovens e adultos brasileiros são considerados analfabetos funcionais ainda hoje.

Mas o que são alfabetismo e analfabetismo? De acordo com a própria pesquisa, o alfabetismo é “a capacidade de um indivíduo compreender e utilizar a informação escrita em suas práticas sociais”. Portanto, considera-se um analfabeto funcional aquele que lê, mas não compreende os sentidos dos textos lidos — como interpretar um bilhete, entender uma receita médica ou até mesmo preencher um formulário.

Apesar de o número de analfabetos funcionais ser alto (29% da população maior de 15 anos), a pesquisa de 2024 também mostra como, ao longo de 23 anos, esta porcentagem caiu cerca de 10 pontos (em 2001, representava 39% da população).

A queda pode e deve ser celebrada, claro! No entanto, não podemos ignorar como os números seguem elevados, principalmente por se tratar de um dado tão vexatório.

Então, o que podemos fazer, como agentes da educação, para que este número siga diminuindo?

 

Na introdução de Alfaletrar: Toda criança pode aprender a ler e a escrever (Editora Contexto, 2020), ao defender a importância da alfabetização de crianças, a grande educadora Magda Soares (1932-2023) discorre sobre o assunto, citando a edição de 2018 da Inaf:

“Considerando a aprendizagem da língua escrita particularmente, não se apropriar de habilidades de leitura e escrita faz com que o fracasso se estenda ao longo da escolarização, que depende fundamentalmente dessas habilidades.”

 

Listando alguns motivos para a alta nos números de analfabetos funcionais, Magda avalia que, apesar de a taxa de escolarização de pessoas de 6 a 14 anos ter aumentado (em 2015, foi de 98,6%), isso não resultou na democratização da educação: “ter acesso à escola, mas não ter acesso a um ensino de qualidade significa não conquistar igualdade de direitos e de possibilidades – bases da democracia”. Ainda segundo ela, este fracasso no processo de alfabetização é resultado da limitada escolha entre métodos de alfabetização ao longo dos anos, resultando em uma permanente alternância entre propostas, a cada mudança de gestão nacional, estadual ou municipal.

No fundo, o que uma das maiores educadoras do país defende é que haja constância e profundidade no processo de alfabetização.

Alguns pontos importantes para que isso de fato ocorra são o foco da ação docente, que deve definir metas para alcançar em cada ano de alfabetização (discussão iniciada por Magda muito antes da Base Nacional Comum Curricular), além de outros pontos igualmente importantes, como o apoio de uma biblioteca infantil em cada escola, com riqueza de livros — já que são eles os protagonistas das atividades de aprendizagem.

Magda Soares não inventa a roda ao defender que toda criança pode aprender a ler e a escrever. Ela apenas descreve, em detalhes e com esperança nas possibilidades criadas pela educação, que esse tipo de experiência deveria ser o padrão em todas as escolas do Brasil.

Compreendeu tudo até aqui? Se sim, recomendo ler: Alfaletrar, de Magda Soares, disponível na Biblioteca Virtual Pearson.

Acesse a leitura completa aqui!

Vamos seguir pensando no analfabetismo e nos 29%, para mudar este cenário!

Até o próximo texto!

 

Luiza Lunardi

Jornalista formada pela UFRJ, com atuação em assessoria de imprensa, redação e marketing no mercado editorial. Hoje, atua como coordenadora de marketing na Editora Contexto. Leitora voraz, os livros a acompanham desde muito antes de pensar em trabalhar com eles. Eles a formaram para além dos muros da escola e da universidade, e moldaram sua visão de mundo e seu jeito – sempre aberta à diferentes culturas e modos de pensar.
 

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